“Ficar não é o contrário de ir. É o contrário de fugir.”
Você já quis sumir?
De si mesmo.
Da vida.
Do incômodo de estar entre o que já não serve e o que ainda não chegou?
Não precisa responder.
Se você é humano, já quis fugir:
Da espera.
Do silêncio.
Da sensação de estagnação que parece não ter propósito.
Mas e se eu lhe disser que, às vezes, o que você chama de estagnação…
é uma alma sendo regada por dentro?
Há Fugas e Fugas
Nem toda fuga se parece com uma fuga.
Algumas vestem roupas bonitas:
“mudança de vida”,
“nova fase”,
“sair da zona de conforto”…
Mas nem sempre é evolução.
Às vezes, é só o ego se cansando da profundidade, onde teria que se render ao “eu”.
É só a mente tentando evitar o ponto exato onde a transformação real começaria…
Fugimos quando o silêncio se alonga demais.
Quando a resposta demora.
Quando o chão parece não nos reconhecer.
Mas o chão não é mudo.
Ele apenas fala no tempo da semente…
O Espaço Entre Dois Tempos
Há uma parte da jornada onde o novo ainda não chegou…
e o velho já não sustenta mais.
Esse é o território do entremeio.
Do limiar.
Do vazio fértil…
E é nesse espaço que a alma aprende o que a mente jamais entenderia:
a arte de ficar, assumir com presença, ser o vir-a-ser.
Ficar, sem distração.
Ficar, sem controle.
Ficar, sem garantias.
E ainda assim, ficar com coragem.
Com inteireza.
Com fé silenciosa!
Regar o Invisível
Esperar sem desistir é como regar uma planta invisível…
Você não vê a brotação.
Mas sente, lá no fundo, que algo pulsa sob a terra.
Algo cresce onde os olhos não alcançam – mas onde o espírito toca.
A mente não gosta disso.
Ela quer datas…
Quer provas…
Quer retorno…
Mas a alma tem outra inteligência.
Ela sabe que há milagres que só nascem quando você para de correr… e começa a se enraizar, a ser quem você é!
A Dor de Interromper o Que Está Nascendo
Quantas vezes você saiu no exato ponto em que algo começaria a florescer?
Quantas conversas profundas você abandonou antes de tocar a verdade?
Quantas práticas espirituais largou antes do silêncio da transformação realmente chegar?
Quantos processos emocionais você interrompeu porque pareceram lentos demais?
Isso não é erro.
É medo!
E o medo não o diminui –
ele o convida…
Convida a voltar.
A reaprender a ficar.
A honrar o ciclo inteiro – inclusive o invisível, onde tudo nasce.
Ficar é Alquimia
Ficar não é resignação.
É alquimia.
Você fica – e algo muda.
Você aguenta a dor – e ela revela camadas que o conforto nunca acessaria.
Você não corre – e encontra a si mesmo no exato ponto onde costumava desistir.
É aí que a cura acontece!
Não como mágica.
Mas como consequência de quem teve a coragem de não ir embora de si mesmo.
Esperar Também É Amor
Às vezes, esperar é o gesto mais radical de amor.
Amar o seu tempo.
Amar sua lentidão.
Amar a parte de você que ainda não floresceu – mas que precisa ser aceita exatamente como está.
A pressa rejeita…
A paciência integra!
E tudo o que é integrado com amor… amadurece…
… No tempo certo.
… Na hora certa.
… Sem força.
… Sem culpa…
Sabedoria do Tempo Fértil
Ficar onde está, com tudo o que você é, não é paralisia.
É sabedoria…
É gestar o invisível que antecede o visível!
É quando você entende que a alma tem ritmos que o mundo não compreende.
E que o tempo mais fértil nem sempre é produtivo.
Mas sempre é profundo!
Você para de se mover – e a verdade começa a lhe alcançar.
Você silencia – e o invisível começa a falar.
Você permanece – e o milagre, enfim, pode pousar…!
Ficar é o sim silencioso que permite que o invisível floresça.
Ficar é reconhecer-se, aceitar-se e transformar-se…
Permita-se e seja!
Maurício Silva
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