Você não é um fragmento do universo-
é o próprio universo fazendo morada,
respirando em silêncio através do disfarce que chama de “eu”.
O Espírito é como o ar
Feche os olhos…
Sinta o ar que envolve o seu corpo.
Ele toca sua pele, entra em seus pulmões, preenche cada célula – e depois sai.
Mas para onde foi? E de onde veio?
Onde começa o ar e onde ele termina?
Se você aprisiona o ar numa garrafa, ele parece isolado.
Mas assim que a garrafa se abre… ele retorna ao tudo mais.
Sai sem sair!
Volta ao que nunca deixou de ser…
O Espírito é assim…
Não está dentro nem fora – está em tudo.
O corpo é apenas a garrafa.
Uma forma provisória, onde a consciência se acomoda por um tempo.
Mas o Espírito não é retido pela forma.
Ele vibra além do que os olhos alcançam.
Quando o corpo se desfaz, o Espírito não desaparece – ele se expande.
Não é anulado – é reintegrado ao Todo.
Enriquecido pelas experiências que o tempo permitiu viver!
O Espírito nunca esteve preso
Você se percebe como alguém separado – dentro da pele, limitado ao nome, moldado pelas memórias.
Mas essa identidade é só uma onda…
Levantada por um oceano infinito de existência.
A onda tem forma, tem tempo, tem movimento – mas não tem autonomia.
Ela é o mar em expressão temporária.
Quando a onda retorna, não morre – se dilui no todo que a gerou.
Assim também é você.
Você nunca esteve fora.
Nunca deixou de ser parte.
Nunca foi só você.
O que você chama de “eu” é uma lembrança provisória.
É o ar na garrafa, que ainda é ar, mesmo quando parece isolado.
É o Espírito em pausa, ensaiando o reencontro…
Além do tempo, além do espaço
E se o tempo também fosse uma garrafa?
E se o passado e o futuro fossem apenas paredes invisíveis que criam a ilusão de separação?
O Espírito vive no agora eterno…
Ele não tem relógio.
Não envelhece com o corpo.
Não cabe nas horas.
A consciência desperta não se curva ao calendário.
Ela sabe que o que chamamos de “ontem” e “amanhã”, são apenas sombras projetadas pela mente.
No instante da inteireza, o tempo se dissolve!
Não há antigo, nem novo.
Não há longe, nem perto.
Só há o Ser – e o Ser não tem medida!
O chamado à expansão
O Espírito é livre!
Mas você o guarda em recipientes invisíveis:
medos, crenças, papéis, ideias fixas…
Você o fecha dentro de histórias antigas que já não vibram mais.
Esquece que faz parte do Infinito – e tenta caber em molduras pequenas.
Mas agora… respire…
Feche os olhos e sinta o ar entrando, saindo, voltando…
Ele não “vai embora” – ele se transforma.
Ele não se perde – ele circula.
Você também…
Você é o ar da Criação se movendo por alguns anos através de um corpo.
Quando essa forma se desfizer, você não deixará de existir.
Você voltará a ser o que nunca deixou de ser!
E tudo o que parecia limite – era só a garrafa…
O Espírito não cabe no corpo – ele dança através dele
Sua essência é vasta como o silêncio antes da criação.
Seu nome… é apenas uma estação passageira.
Sua forma… é ponte entre o invisível e o visível.
Você veio do Todo – e voltará a ele.
Mas não como quem parte…
E sim como quem desperta!
Não como quem foge…
Mas como quem se lembra!
Lembra que nunca esteve perdido.
Lembra que nunca foi um “eu” isolado – mas uma centelha do Infinito, brincando de ser instante.
Lembra que suas dores não definem sua luz.
E que suas histórias não contêm seu mistério.
O Espírito não precisa ser conquistado –
Ele já é!
Não precisa ser elevado –
Ele já vibra acima do tempo!
Tudo o que ele pede é espaço…
Espaço para se REVELAR!
E quando esse espaço é aberto –
quando você solta o esforço de controlar, de entender, de parecer…
algo sagrado acontece:
A garrafa desaparece.
O ar se entrega ao Todo.
E o que antes parecia separado… agora dança com o Infinito!
Você não se perde – você se dilata.
Não se desfaz – se reconhece.
Você volta… não ao passado,
mas à origem viva que sempre esteve em você…!
E o Espírito, enfim livre de nome, de forma, de função,
respira em você.
Pulsando no gesto, no silêncio, no instante.
Sem esforço…
Sem fronteira…
Sem fim!
Maurício Silva
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